A Direita portuguesa convive mal, desde há 30 anos, com a questão Presidencial.
Na verdade, nunca conseguiram eleger um Presidente e não me parece que o consigam nos próximos 10 anos.
E, perguntemos, porque será?
Será que a população portuguesa é maioritariamente de esquerda? A ser assim, a esquerda perde frequentemente nos outros embates (legislativas e autárquicas) por ser, por definição, plural e dividida?
Será porque a Direita portuguesa é demasiado à Direita?
Esta é uma hipótese de trabalho que merecia alguma atenção. Na verdade, o trágico Governo Durão-Portas-Leite-Santana contituirá um “epifenómeno” da Direita portuguesa? Ou será apenas mais um episódio que se seguiu à saga AD-Cavaco e que tem deixado marcas, algumas bem negativas, na sociedade e na economia portuguesas?
Será que AD e Cavaco eram de “centro-esquerda” como agora alguns pretendem fazer crer? Será a governação das dezenas de Câmaras Municipais por parte de autarcas do PSD uma governação centrista ou de centro-esqueda? Haverá sequer verdadeiros democratas-cristãos em Portugal?
Parece-me que não!
Olhemos para o património da democracia-cristã da Alemanha de Adenauer ou Kohl ou mesmo da França e concluiremos que não.
E é esse o drama da Direita portuguesa: é talvez das mais reaccionárias e ideologicamente menos preparadas da Europa. E num embate que se disputa ombro a ombro como as Presidenciais, o “sprint” final exige uma forte mobilização de base ideológica, mas também abertura ao centro político. E o centro tem sido captado, nestes confrontos, pela esquerda. Foi assim, sem dúvida com Soares e com Sampaio.
Quanto às eleições que terão lugar daqui a 10 meses… A esquerda tem neste momento, pelo menos, 10 pontos de vantagem.
Conseguirá o candidato da esquerda perder 1 ponto por mês?!
Estou convicto que, deste lado, aparecerá alguém com o estatuto intelectual, moral e cívico para ser o “Presidente de todos os portugueses”.