sábado, outubro 08, 2016

Barbosa de Melo, Mário Silva... e António Guterres

Palavras de André Dias Pereira

Em nome do Partido Socialista, venho dizer duas palavras de homenagem a duas figuras ilustres da nossa cidade que faleceram recentemente.

Prof. Barbosa de Melo

Presidente da Assembleia da República inclusivo, elogiado por todos, atingiu o auge da carreira política

A voz de Coimbra, a voz da democracia-cristã e da social-democracia no PPD/PSD e muito para lá do seu Partido.

Um democrata exemplar!

Barbosa de Melo foi um grande Professor.
Barbosa de Melo – apesar de ter tido uma fulgurante carreira política – chegou a Professor Catedrático a justo título e com todo o mérito. E aí chegado não repousou: continuou a trabalhar toda a semana e aos sábados, dando lições, orientando trabalhos e cultivando o saber jurídico.
Foi um Inspirador de discípulos. Se a qualidade do Professor se vê pela Escola que deixa, então Barbosa de Melo, pela qualidade dos discípulos que hoje marcam as áreas do saber a que se dedicam, são prova disso.

A Pessoa.
Infelizmente não fui íntimo ou próximo deste grande concidadão.
A sua bonomia de espírito, o seu rasgo de saber dar conselhos e a palavra certa a um jovem colega, ficarão sempre como um exemplo inolvidável.
Era sempre assim que eles nos via: um colega! Com a humildade dos sábios!


Mário Silva
Desde o meu tempo de estudante, os seus painéis nas cantinas que frequentava e frequento inspiraram várias gerações. Aí rasgavam horizontes culturais e estéticos. E – é de louvar! – obras que foram oferecidas à comunidade académica! Um homem livre que procurava a beleza.

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António Guterres 
Tudo foi dito na moção apresentada pelo Senhor Presidente da Assembleia - que saudamos e aplaudimos!
Apenas uma nota pessoal, para referir que foi sob a voz serena e doce, o discurso entusiasmado e estimulante de Guterres, que a minha geração cresceu para a política.
A minha geração viu-o ascender ao topo da política nacional e é com muita alegria que o vemos agora chegar ao auge da política internacional.


Sobre a Escola

André Dias Pereira
Deputado Municipal

Sobre a Escola

Declaração de interesses: tenho 5 filhos, 4 em escola pública; 1 no social porque ainda só tem 2 anos...

Sou defensor da Escola pública, porque só esta oferece um espírito inclusivo e republicano, que muito beneficia a população no seu todo e permitem fazer da escola a possibilidade de ascensor social e sobretudo de coesão da comunidade.

Até os neoliberais, de que Milton Friedman é um dos principais expoentes, defendem a existência de Escola pública, pois esta cria “efeitos de vizinhança”.

Todavia, a decisão do Ministério seguiu critérios rígidos, sem considerar a realidade social, económica e geográfica. O critério dos 10 km definidos a compasso, medidos por computador, sentados na Av. 5 de outubro é um critério insensível a casos concretos, que importa reanalisar.

Saúdo, pois, esta Moção enquanto expressão do poder local, o qual goza de legitimidade constitucional originária.

Este poder local, composto por freguesias e municípios, tem o direito e o dever de defender as suas populações junto do Estado central, contribuindo numa dialética democrática para a solução mais justa.

Assim, sendo compete ao poder local ajudar o Ministério a aperfeiçoar a decisão que – em geral – foi adequada e bem recebida pela sociedade portuguesa – de não renovar ou celebrar alguns contratos de associação a algumas escolas do sector social (cooperativas, associações sem fins lucrativos, IPSS) e mesmo o sector privado.

Uma reavaliação mais justa, mais sensível à realidade social e às condições concretas de acesso das crianças e jovens a uma escola da rede pública poder-se-á impor em algumas – poucas – situações.

Tal será, por ventura, o caso do Instituto Educativo de Souselas e, talvez, de mais uma ou outra escola situadas nas freguesias dos arredores do município de Coimbra.

Uma última palavra para salientar que – na minha opinião – sendo Portugal um país com recursos limitados, como todos o são, não faz sentido construir de novo Escolas, quando já houve investimentos no passado, em grande medida feitos à custa do próprio erário público. Devemos, pois, aproveitar a capacidade instalada: capacidade não apenas física, mas também imaterial, pedagógico e social.

7/10/2016