"16 de Junho de 1959 - Lisboa
Cheguei esta sexta-feira 12. De avião. Cafés. Gelados na baixa. Não procurei ninguém. A cidade continua a ser uma pura maravilha de nostalgia árabe, de geometria marítima, de luz extasiada, de poesia. As pessoas continuam a ser pesadas de chumbo no rosto, no andar, na maneira de ser. Um espectáculo humano desolador. Ausência total de alegria. Ausência total de aceitação da vida, no sentido em que o peixe aceita a água. As pessoas amigas (a maior glória da nossa vida) maravilhosamente na mesma: o mesmo calor, confiança, ternura. (...) Histórias atrozes de ordem política; deprimiram-se imenso."
In JL, N. 1045, 20 de Outubro de 2010, p. 44.