Celso Cruzeiro esteve em Coimbra numa sessão de apresentação do seu livro "a nova esquerda". Para além da sua intervenção, o numeroso público que se deslocou à Almedina-Estádio apreciou ainda as intervenções de Pio Abreu e de Jorge Leite.
Neste fim de tarde de Primavera, discutiu-se o papel da esquerda no mundo de hoje, em que a classe operária se encontra difusa e os novos excluídos aparentam ter pouca consciência de transformação, mas apenas de protesto inconsequente.
A descoberta das novas dinâmicas de transformação e das ideias de ruptura com uma velha esquerda e sobretudo com o pensamento único neoliberal afiguram-se urgentes.
A convergência das esquerdas, novas e velhas, foi matéria também muito discutida.
Sem querer baixar o nível do debate - que se manteve sempre ao nível das ideias e dos princípios - não posso deixar de pensar no triste caso de Lisboa em que a convergência pequena (PS+BE+ Helena Roseta) ou a convergência grande (todos + o PCP) se revela difícil.
E que fez o partido de Celso Cruzeiro - o BE - para a concretizar?
E ao PS? Que passos mais se deveriam exigir?
António Costa andou "pelas ruas" a pedir coligação à esquerda. Todos lhe disseram não. Que mais poderia o Presidente da Câmara fazer?
Apesar de todas as criticas que o politiquês correcto faz à "terceira via", não posso deixar de pensar que Anthony Giddens tem ainda razão ao afirmar que é preciso ganhar o centro e, depois, trazê-lo o mais possível para a esquerda.
Assumo claramente que é ao centro (centro-esquerda) - na exacta fusão - sempre dinâmica e instável - da liberdade com a igualdade e a fraternidade - que reside o núcleo transformador e progressista da nossa sociedade.
E uma vez conquistado esse centro, uma vez seduzidas essas massas populares e intelectuais - que são as mais numerosas e tantas vezes as mais criativas - devemos conduzi-las à esquerda, modernizando a sociedade (vejam-se as leis da família, da procriação assistida, da interrupção da gravidez, das responsabilidades parentais, das licenças laborias por razões de parentalidade, etc., etc.), modernizar o Estado (veja-se o PRACE, o SIMPEX, a descentralização em curso, etc.) e o sistema político (lei da paridade, financiamento dos partidos, fim das reformas vitalícias, lei do pluralismo na comunicação social, etc.).
E que "convergência de esquerdas" se pode ter quando estamos em dasacordo em dois instrumentos básicos e essenciais de política: a NATO e a União Europeia?