Inauguração da Vivenda São Francisco – Unidade de
Saúde e Bem Estar
15 de dezembro 2013
· Ex.mo Senhor Presidente da ARS-Centro,
Dr. José Tereso, em representação de Sua Excelência, o Ministro da Saúde, Dr.
Paulo Macedo,
· Ex. mo Senhor Presidente da Câmara
Municipal de Cantanhede, Prof. Doutor João Moura,
· Ex. mo Senhor Presidente da Assembleia
Municipal de Cantanhede,
· Senhores
Vereadores,
· Excelentíssimas autoridades,
· Estimados Senhores Representantes das IPSS e das
Misericórdias – companheiros de luta por um Portugal mais fraterno!
· Senhor Bispo de Coimbra, Sua Eminência D. Virgílio
Antunes, que aqui esteve representado,
· Senhor Padre Henrique Maçarico, que nos honrou com
a sua visita,
· Distintos amigos que nos honram com a vossa ilustre
presença,
· Senhoras e Senhores,
Estávamos nos distantes
anos 20 do Século passado e um jovem camponês e carpinteiro, pai de 2 filhos, e
depois de já ter servido a Pátria nas terras longínquas do Norte da Europa no
contexto da Grande Guerra, vê-se obrigado a partir para além-mar, para Nova
Iorque, para fazer algum pecúlio com vista a poder dar outro horizonte, outra esperança à sua querida família.
Esse jovem, que viveu a
construção dos grandes arranha-céus que marcam ainda a imagem de Manhattan – do
Chrisler Building ao Empire State Building, – e que,
porventura, terá ajudado nas obras de reparação da emblemática Brooklin Bridge –
as pontes são sempre simbólicas! – esse jovem chamava-se Joaquim de nome,
Pereira de apelido e Júnior por, à época, os homónimos filhos adicionarem este
distintivo ao seu nome oficial.
Joaquim Pereira Júnior: o avô que eu nunca conheci, que morreu num
acidente de trabalho no pátio da sua casa, trouxe – como as abelhas – um
fermento de energia e algum amealhado que lhe permitiu comprar este terreno
onde todos nós – V.ªs Ex.ªs e eu próprio – nos encontramos nesta data feliz;
data em que celebramos a conclusão das obras de mais uma valência do Centro Cívico Polivalente “O Emigrante”.
Joaquim Pereira Júnior é,
por justo e merecido reconhecimento, também o nome da Rua onde se situa esta Vivenda de São Francisco.
A seu tempo, há mais de
cinquenta anos, quis ajudar a sua jovem nora, a Professora Eva Neves Dias,
tendo destinado uma parte deste terreno à construção de um Escola Primária, a
qual décadas depois – fruto da baixa natalidade e das migrações para as cidades
e para o estrangeiro dos casais jovens – foi reconvertida e ampliada e onde
funciona hoje, com uma atividade regular, a Associação Cultural e Recreativa da
nossa terra.
No virar do século,
atingida a sua merecida reforma como Professora do Ensino Básico, Secundário e
do Magistério Primário, e após muitos anos de atividade cívica, cultural e sociopedagógica
em prol do Concelho de Cantanhede e da região Centro designadamente como Vereadora da Câmara Municipal de Cantanhede,
onde, entre outras, deixou as marcas do respeito pela obra de Jaime Cortesão, António Fragoso e Carlos de
Oliveira, para além de algumas obras físicas como a abertura da Casa da Cultura de Cantanhede,
- No virar do século XX
para o século XXI dizíamos - decidiu a Dr.ª Eva Neves Dias, lançar um projeto
de ensino pré-escolar e atividades de
tempo livre na Camarneira, num terreno que a sua avó, a Professora Emília Dias lhe havia
deixado. Em honra a uma avó Professora, mandaram a Dr.ª Eva e o seu marido
construir um edifício que já serviu e continua a servir centenas de crianças
dos zero aos 10 anos de idade, que criou dezenas de postos de trabalho e que
veio dar mais vida e alegria à bonita aldeia de Camarneira.
Constitui-se, em 2001, a
Associação Centro Cívico Polivalente “O Emigrante”, que veio a conseguir – por
mérito próprio – o estatuto de IPSS – Instituição Particular de Solidariedade
Social, poucos anos volvidos.
Mas, em 2009, foi dado um
passo em frente de grande coragem. Considerando a constante redução da
natalidade das nossas gentes, e a necessidade de criar e manter postos de
trabalho, bem como de criar uma unidade de serviços de qualidade de apoio às
pessoas idosas e doentes, o Dr. Eurico Pereira doou este terreno, onde nos
encontramos, à Associação Centro Cívico Polivalente “O Emigrante”.
Por seu turno, esta IPSS
avançou com uma candidatura que mereceu, em concurso público bastante
disputado, a aprovação das autoridades competentes, no âmbito do Programa Modelar e com vista à sua
integração na Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados (RNCCI).
Vicissitudes
várias levaram a que as obras se prolongassem durante um período mais longo do
que o previsto inicialmente. Vicissitudes de ordem meteorológica, financeira, e
também políticas.
Mas,
felizmente, e para gáudio de todos e
em benefício dos futuros utentes, das suas famílias e em benefício dos
trabalhadores desta casa, estamos aqui hoje, a marcar uma transição.
Assim
como o solstício de Inverno, que se aproxima, separa as semanas em que a noite
cresce e o dia diminui, das seguintes em que a noite diminui e o dia cresce,
também a inauguração destas instalações marca um novo renascer, uma nova
esperança, um desafio e uma responsabilidade para muitos dos presentes.
Um
desafio renovado, porque, seguindo as superiores orientações do Governo
da nossa República, terá que haver um compasso
de espera até que a obra tenha o destino para que foi construída – a
integração na Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados.
Mas,
um compasso de espera em que esta obra, construída com dinheiros públicos,
com dinheiros sociais (porque pertença de uma IPSS) e com o apoio muito
avultado (a título de mútuo) do Dr. Eurico Pereira e sua esposa, e do casal Samelo, emigrante em Paris, não poderá
ficar fechada.
O
Dr. Eurico Pereira, fiel benemérito desta Associação nas horas de aperto e
pilar em que se sustentam os sonhos da sua esposa, é um filho, um irmão, um
pai, um avô e um bisavô que sempre honrou os nomes da mãe Carolina Cavadas e do
pai Joaquim Pereira Júnior e desta terra onde nasceu.
Não pode ficar fechada esta
obra,
repetimos, porque urge criar emprego no nosso país, na nossa região, no nosso
Concelho e na nossa terra. Não pode ficar fechada, porque urge apoiar os
idosos e as suas famílias. Não pode ficar fechada porque o país tem que
saber rentabilizar os seus investimentos, mesmo em tempos de austeridade ou sobretudo em tempos de profunda austeridade!
Por
isso, em boa hora, foi publicada a Portaria n.º 168/2013, de 30 de abril, do Senhor
Secretário de Estado Adjunto do Ministro da Saúde.
De
acordo com este diploma legal, e passo a citar o seu preâmbulo:
“Constitui
um ganho em saúde a afetação das edificações construídas e das instalações
realizadas por atribuição do apoio financeiro ao abrigo do Programa Modelar a
estruturas residenciais para pessoas idosas, fundamentada na prossecução do
objetivo comum da promoção da saúde e tratamento da doença.”
Assim, esta Portaria visa e cito de novo “em situações excepcionais, e mediante autorização prévia do membro do
Governo responsável pela área da saúde, possibilitar a afetação das edificações
construídas e das instalações realizadas por atribuição daquele apoio
financeiro a estruturas para alojamento e residência de pessoas idosas.”
Autoridades,
Amigos,
Minhas Senhoras e meus Senhores:
É este o destino para esta linda obra em que nos encontramos. É este o
futuro, pelo menos durante alguns anos, que a Direção desta IPSS idealiza desde
junho de 2013, em harmonia com as autoridades competentes, e com o apoio sempre
zeloso, profissional e competente de Sua Excelência o Presidente da ARS – Centro,
Dr. José Tereso.
Estamos,
pois, não perante uma Unidade de Cuidados Continuados, mas perante – e volto a
citar o Diploma legal - uma
estrutura para alojamento e residência
de pessoas idosas.
Esta mudança de fim exige mais um grande esforço por
parte da Associação e impõe um enorme desafio. Ser capaz de angariar utentes e
manter um projeto assistencial viável. Com viabilidade e sustentabilidade económica
e financeira.
É esse o Serviço que estamos empenhadamente a preparar
para abrir dentro de algumas semanas.
Tendo por base um edifício de uma extraordinária qualidade
arquitectónica e de engenharia, com uma exposição solar inigualável, com
condições de qualidade hospitalares, equipado com o que há de mais moderno ao
nível do aquecimento, do mobiliário, da cozinha, das casas de banho, enfim com
condições de conforto e bem-estar verdadeiramente irrepreensíveis, estamos a
preparar aquilo em que esta casa verdadeiramente se irá destacar: o
profissionalismo e a dimensão humana que os nossos técnicos querem oferecer aos
nossos utentes.
Por isso, não se chama esta Unidade de Saúde e Bem Estar
de Lar ou simples residência.
Esta é uma Vivenda!
Um espaço de Vida, de Alegria, de Exercício Físico, de elevação espiritual,
onde os idosos e as suas famílias sintam que vale a pena viver.
São Francisco pelo universalismo e generosidade da sua mensagem
e como homenagem ao exemplo deste Papa de rosto humano.
Este é e será um local de excelência, com o melhor
equipamento, os melhores profissionais, com uma cozinha de qualidade e sempre
fresca, com uma dimensão familiar, pois apenas irá aceitar pouco mais de 20
utentes e com uma intensa ligação aos melhores serviços que se podem encontrar
na região.
Temos em vista estabelecer Protocolos com as Piscinas de
Cantanhede, com as Termas da Curia, promover atividades de visita à Praia de
Mira e a outros pontos de interesse turístico e cultural, designadamente ao
Instituto de Educação e Cidadania da Mamarrosa.
Estamos a contratar fisioterapeutas, enfermeiros, médicos,
dentistas, animadores socioculturais, psicólogos, enfim, profissionais com as
mais elevadas qualificações para
garantir um serviço de excelência.
Aguardamos, pois, utentes não apenas da nossa vizinhança
ou região – embora também contemos com eles! – mas queremos abrir as nossas
portas a idosos e famílias de Coimbra, de Aveiro, de Viseu ou de mais longe, inclusive,
claro, de Emigrantes.
Senhoras e Senhores,
Não posso – por muito que o desejasse – reter a vossa
atenção por mais tempo. A palavra é dos nossos digníssimos convidados.
Apenas queria transmitir uma palavra final, enquanto
membro da Direção desta Associação: estamos cientes de que a abertura das
instalações foi apenas uma primeira caminhada, uma primeira aprendizagem..., seguir-se-ão trilhos
tortuosos e difíceis, mas com a ajuda de todos vós e das instituições que V.ªs
Ex.ªs representam, temos a esperança de que este projeto de alta qualidade que
estamos a construir, possa contribuir para uma velhice mais feliz e de grande
realização pessoal, no plano físico e espiritual, dos utentes que serenamente
aguardamos.
Disse.
André Dias Pereira