sexta-feira, junho 07, 2013


3.ªs Jornadas Nacionais: “Os Aspetos ético-jurídicos da infeção VIH/SIDA”
Lisboa, Auditório do INFARMED
8 de maio de 2013

Organização:
Centro de Direito Biomédico,
Fundação Portuguesa "A Comunidade Contra a SIDA"
INFARMED

“Prevenção, Educação, Tratamento e Não Discriminação do VIH/SIDA em contexto de Austeridade”

CONCLUSÕES DAS JORNADAS:

1)    No estado atual da infeção VIH/SIDA em Portugal, o reforço das estratégias globais de prevenção no espaço público têm de ser acompanhadas de campanhas e programas específicos dirigidos a populações vulneráveis.
2)    A administração central e local tem a responsabilidade política de aprofundar todas as formas de articulação com a sociedade civil que garantam o acesso aos meios de diagnóstico, acompanhamento e tratamento das pessoas em risco de contrair o VIH ou que já vivem com a infeção em qualquer dos seus estadios.
3)    As políticas de austeridade não podem suspender o direito à saúde das pessoas infetadas pelo VIH/SIDA, nem pôr em risco a qualidade dos indicadores de saúde atingidos pela sociedade portuguesa, antes melhorá-los, usando, para o efeito, de todos os meios científicos, técnicos e organizacionais para aperfeiçoar a gestão da saúde, sem submeter os princípios éticos e clínicos a medidas avulsas de racionamento administrativo. Assim, os programas de sustentabilidade na prática clínica não podem colocar em causa a eficácia e a qualidade do tratamento e o acesso equitativo e sem discriminações.
4)    As ações de prevenção realizadas nas escolas têm-se revelado muito positivas. O facto da sociedade portuguesa ter consensualizado que todas as crianças e jovens, independentemente da sua idade e condição social, têm direito a uma educação escolar que lhes proporcione o desenvolvimento global e harmonioso da sua personalidade e lhes garanta as ferramentas necessárias às decisões sobre os seus projetos de vida, obriga a que escolas e docentes sejam dotados de todos os recursos e oportunidades para implementar os projetos de promoção da saúde e de educação sexual em articulação com as instituições da comunidade.
5)    Os projetos de Educação pelos Pares, como o que tem sido desenvolvido pela Fundação Portuguesa ”A Comunidade Contra a SIDA”, têm mostrado como a educação em sexualidade, desde que cientificamente informada, adequada aos destinatários, realizada de forma coerente e sistemática, metodologicamente motivante e socialmente relevante, tem contribuído para promover atitudes responsáveis e esclarecidas relativamente à saúde e à cidadania.
6)    No plano social e jurídico, importa manter uma permanente campanha contra a discriminação, em especial no trabalho e no acesso aos seguros, sendo de realçar e louvar o papel que as associações de doentes têm tido no sentido de denunciar as práticas ilícitas e de dar apoio às vítimas desses atos discriminatórios.
7)    A investigação com seres humanos e os ensaios clínicos de medicamentos devem ser incrementados em condições de segurança e com respeito pelos direitos dos participantes, devendo exigir-se uma maior transparência no que respeita aos conflitos de interesses dos vários intervenientes.